Um dia...

Um dia,
quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços.
A tua pele será talvez demasiado bela,
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
Um dia,
quando a chuva secar na memória,
quando o inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,
estarei contigo
e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela
Sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nem uma palavra,
nem o príncipio de uma palavra,
para não estragar a perfeição da felicidade.
José Luis Peixoto
1 comentário:
Estás muito inspirado... isso é bom, não é?
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