dezembro 04, 2006

Um dia...



Um dia,
quando a ternura for a única regra da manhã,

acordarei entre os teus braços.
A tua pele será talvez demasiado bela,
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.

Um dia,
quando a chuva secar na memória,

quando o inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,

estarei contigo
e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela


Sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,

porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nem uma palavra,

nem o príncipio de uma palavra,
para não estragar a perfeição da felicidade.



 José Luis Peixoto

1 comentário:

Sílvia disse...

Estás muito inspirado... isso é bom, não é?